quinta-feira, 5 de maio de 2011

O outro

A necessidade do Outro na nossa vida é algo realmente interessante. Precisamos da outra pessoa mas ao mesmo tempo precisamos dar conta de estar sozinhos, como sozinhos mas não solitários. Por isso, homens e mulheres existem em relações, pois é a condição da perpetuação da espécie. E, justamente por isso, é um assunto que rende muito.
Existe um filme novo nas locadoras que chama “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” (You will meet a tall dark stranger), uma crônica de Woody Allen sobre o amor. Na crônica, todos estão à procura da pessoa certa. Um casal que se separa pois o marido deseja curtir a juventude perdida e se une à uma garota de programa a quem decide oferecer conforto material como uma tentativa de fugir da solitude. Esposa abandonada, por sua vez, recorre à uma cartomante buscando respostas e previsões futuras sobre a sua vida. A filha do casal, sustentada pela mãe, vive um casamento infeliz no qual o marido, um escritor fracassado, não é seu companheiro como deveria ser e dá abertura para que ela se envolva com o chefe, que também é uma pessoa inacessível ao que ela precisa. O marido, escritor, por sua vez, se apaixona pela vizinha em quem encontra a parceira que gostaria de ter. Já no filme “Pecados Íntimos”, cujo nome real é “little children” que traduzindo significa, criancinhas, os casais também apresentam dificuldades no encontro das necessidades alheias, em que vivem casamentos protocolares e acabam encontrando em outra pessoa, aquela questão que buscavam para se sentirem bem na interação com o outro.
Sendo assim, qual a razão para que as relações sejam tão complicadas? Por que homens e mulheres não encontram no casamento com seus parceiros, o que encontram fora dele? No filme “Pecados Íntimos”, Brad está desempregado e não consegue ser aprovado no exame para ser advogado, quando conhece Sarah (Kate Winslet), que acredita nele como homem e o incentiva nos aspectos que ele considera ruins na sua vida. Um se interessa pelo outro pois se encontram nessa questão, o despertar do que justamente estava escondido na relação do casamento.
No livro “homens que odeiam suas mulheres e as mulheres que os amam”, a Dra. Susan Forward, coloca o seguinte: “muitas pessoas hoje em dia sentem-se confusas sobre o que esperar e como se comportar num relacionamento. Os homens preocupam-se em ser carinhosos e sensíveis sem perder a masculinidade”. Já para Robin Norwood em “mulheres que amam demais”, muitas mulheres entram em relacionamentos sem antes estabelecerem um relacionamento verdadeiro em primeiro lugar com elas próprias.
Talvez a maior dificuldade nas relações seja a falta de encontro entre os parceiros. Parceiros que são adultos, mas que na verdade, muitas vezes são crianças grandes brincando de casamento sem ter definido o objetivo de uma relação conjugal na qual deveriam ser capazes de construir amor, sexo e amizade. Relações em que os parceiros tivessem condições de estar sozinhos nos momentos propícios a isso, cada um com suas atividades, mas no encontro da relação a fim de não viverem solitários numa união conjugal. O convívio que estimula e fortifica a intimidade, aquela construída a base do que se precisa. Ter liberdade e espaço para serem individuais como pessoas, mas unidos como parceiros dessa caminhada tão rica que se chama relação conjugal